2020 – Criatividade Apocalíptica

E se você estivesse vivendo num momento que aquele vírus de computador saísse das máquinas comandadas por nós, criadores, e caísse sobre os humanos matando milhares de pessoas, devastando cidades e obrigando todos a ficarem em casa? Metrópoles inteiras vazias, presa numa realidade surreal. De repente os aprisionados seriamos nós, seres de carne e sangue, dentro de suas casas e apartamentos dependendo completamente das redes digitais. Duvidando das fake news, manipulados pela televisão, dependentes dos aplicativos. As informações que ingerimos até aquele momento foram codificadas e tudo que viria até nós estaria dentro de um padrão já estabelecido. As imagens do mundo lá fora seriam apenas as enquadradas pelas quietas janelas. Presos no mundo digital. Presos em nós mesmos.

Eu sei, parece um filme de ficção científica ou um briefing de games assassinos, mas, bizarramente, é só uma descrição do que estamos vivendo neste ano. Dentro dessa realidade o terror parece imperar, mas é neste ponto que o ser humano sempre surpreende.

Após algumas horas de trabalho com o que ainda movimenta nossa economia, o que fazer dentro de casa? Criar um corredor de batalha com fita crepe em diferentes alturas para os filhos passarem por cima e por baixo como recrutas, parece uma ótima atividade. Circuito de almofadas e passagens por baixo de cadeiras tb. Apoiar a barriga em um skate, vestir uma touca e imaginar que está na piscina nunca foi tão legal. Utilizar garrafas de água ou filhos como peso para exercício é necessário.

O ócio torna nossa criatividade faminta. Longe de pressões cotidianas e ansiedades causadas pelo excesso de ofertas das cidades, nossas mentes se veem livres para criar as sinapses que muitas vezes se enlodam na rotina.  Todavia, isso só é possível se ao longo dos dias nosso cérebro for alimentado com todo o tipo de informação que conseguir. Estímulos. De acordo com um documentário do Netflix, intitulado “The Criativity Brain”: “quanto mais abundantes e fortes (os estímulos), mais o cérebro terá algo para explorar. O cérebro humano deve seu sucesso criativo ao fato de que os estímulos são constantemente colididos com outros estímulos. O que vemos, cheiramos e ouvimos, as conversas, as ideias, tudo é reconfigurado constantemente no cérebro. (...)E todos estes estímulos dão forma a novas ideias.” Todos temos potencial criativo. Precisamos fazer as conexões acontecerem.  É uma questão de juntar o ponto A com o ponto B. E hoje, o ponto A é o mundo pré-crise. E ponto B, tudo que está por vir. Leia. Informe-se. Busque. Mantenha-se curioso.  

Viva ao apocalipse de onde nascerá a criatividade.

Roberta Maduell

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